Nossas Conversas

2 – Notas da conversa do dia 13 de Junho 2020

Pergunta da sessão: Existe um movimento feminista no mundo Lusófono ou existem vários movimentos por cada país?

“Em Portugal, por exemplo, o feminismo deve ter uma outra conotação do que tem no Brasil. No Brasil a gente tem a grande questão do racismo e isso tudo influencia… A mulher Branca em Brasil recebe 30% menos que o homem Branco. Mas a mulher Negra recebe 70% menos.” – Participante de Brasil

“Eu sou Portuguesa, sou Branca e por isso sou privilegiada – apesar de sermos mulheres. E sinto mesmo que é importante falar sobre isso e importante nos sabermos como é que o nosso cor traz privilégio apesar de sermos mulheres. Essa questão de feminismo interseccional – de conseguir perceber essas diferencias entre a mulher Negra e a mulher Branca é fundamental para nos conseguir perceber as camadas de dificuldade que nos temos nas nossas lutas como mulheres. Eu morei muitos anos em Angola… As mulheres mais clarinhas – como dissem em Angola “as latonas” – tambem tem muito estigma contra elas, porque são consideradas privilegiadas. Isto é uma coisa que sabemos que faz parte da historia da humanidade que os próprios Brancos, colonizadores, usaram esa arma para conseguir estabilizar ainda mais e conseguir controlar escravidão – a conseguir por os negros contra os mulatos.” – Participante em Portugal

“Uma vez que fomos colonizados por Europeus, então nos somos uma mistura disto. Eu sou mulata. Tenho parte Negra e parte Branca na Negra. No nosso contexto é importante que vem essas dos ondas, porque no nosso contexto muito provávelmente existe a onda de feminismo Branco porque muito mais cedo elas conseguiram ter uma voz. Eu sou de Angola. Em Luanda. Muito mais cedo elas conseguiram ter uma voz, porque mesmo nos ser mulheres mais mulheres lá embaixo – né? O negro era visto como se não fizesse parte da sociedade. Só depois que nos ganhamos voz na sociedade é aí que sim poderá ter nascido o feminismo Negro.” – Participante em Angola

“E muito difícil falar de um feminismo global, ou Luso, ou Occidental, ou Átlantico próprio colonialismo era muito diverso. Colonização Ibérica imprimiu uma caracteristica diferente nas Americas, na “America Latina” mas tambem imprimiu características diversas no interior de países da America Latina. É uma coisa ser voce Ibérico de Espanha e Ibérico de Portugal. O interior de colonialismo – se ele é Anglo- Saxónico, se ele é Britanico, se ele é Belga. Em fim, tudo isto interfere na forma como as reacçoes ao colonialismo aparecem.” – Participante em Brasil

1 – Notas da conversa do dia 17 de Maio 2020

Pergunta da sessão: Quais são as mulheres que fazem parte da primeira onda de feminismo no seu próprio contexto dentro do mundo Lusófono? Podemos nomear as ícones e inovadores dos CPLPs e PALOPs?

“Também sou da opinião que, independentemente do objectivo pessoal da mulher, uma mulher que lute pelos seus direitos é, inerentemente, feminista. Assim como um homem que apoia as mulheres, mesmo que ele não faça disso um ponto de luta/causa, ele é inerentemente feminista” – Participante em Moçambique

Nomes de Angola: Anália de Vitória Pereira (Primeira presidente mulher de um partido político na era da democracia Angolana). Cora Agbesi (Professora Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto de Angola). Cantoras kuduristas, mulheres dos movimentos de libertação nacional angolanos e Kimpa Vita (Líder do Movimento dos Antoninos), Cecicila Kitombe (Ondjango Feminista), Elizângela Rita (Casa Rede)

Nomes de Moçambique: Isabel Casimiro, Centro de Estudos Africanos, Teresinha da Silva, Ana loforte, WILSA, Conceição Osório, Paula Monjane, Paulina Chiziane, Denise Namburete (da NWETI), Sara Fakir (Ideialab), Tânia Tomé, Tassiana Tomé

Participantes: 8

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